quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

 

 
 
 
A guerreira mãe de um Aspie.
 
Vou renomear o blog. Faz mais sentido para mim neste momento falar de algo que é uma experiência de vida e partilhar com outras pessoas o que é a minha visão de ser mãe de um ser muito especial portador de Asperger e Défice de atenção.
Este ser, que passará a ter o nome de Gladiador, veio a ser diagnosticado primeiramente com o Sindrome de Asperger precisamente à um ano.
Dos três filhos que tenho, desde o momento da gravidez que sempre senti algo diferente e inquietante. Como reikiana que sou, e isto vale o que vale, o meu sexto e sétimo chakras sempre sentiram uma vibração diferente e, como desconhecia o porquê, causava algum desconforto.
Desde que nasceu até ao dia do diagnóstico, sempre achei e senti que este Gladiador era um ser diferente dos outros. Dizem que não devemos comparar os filhos e que todos são diferentes como os cinco dedos da mão também são todos diferentes. Mas o que é facto é que, apesar de todos acharem que eu estava a ver coisas que não existiam, no final eu tinha razão, infelizmente.
Uma mãe é a unica pessoa que conhece o seu filho verdadeiramente, é capaz de adivinhar com um olhar, uma palavra, um toque, tudo o que se passa com o seu filho.
E eu não seria uma boa mãe se simplesmente fizesse como todos fizeram, desvalorizando os pequenos gestos e atitudes do Gladiador.
Assim, entramos nesta cruzada com vista a ganhar a batalha de todos os dias. Vencendo obstáculos e adaptando-nos aquilo que nos é dado.
Se me fui abaixo, claro que fui... Afinal de contas não é fácil ouvir um médico confirmar todas as nossas suspeitas que tinhamos durante alguns anos, e entrar num consultório e dizermos, eu penso que ele tem isto, e o médico olha para nós e diz, sim, tem...
Passo seguinte, levar com as balas no corpo, recompor, e levantar a cabeça.
Procurei respostas onde as mesmas não existiam. O porquê e o quando, o porquê ele... Cheguei à conclusão fui abençoada por ter sido escolhida para ser mãe de um ser tão especial que olha o mundo com uma simplicidade inagualável.
Um ano de terapia de psicomotricidade já passou. Houve muitos desenvolvimentos e muitas vitórias, mas a vida não é perfeita e todos os dias temos novos desafios.
Com a entrada no primeiro ano, tudo se veio a complicar, as notas foram péssimas, as rotinas são dificeis de aceitar, as tarefas propostas nunca são concluidas.
Se por um lado notamos um certo crescer, por outro verificamos uma dificuldade enorme em aprender e reter a informação.
Apareceram medos novos, crises de ansiedade fortes, uma panóplia de sentimentos dificeis de controlar.
Mais exames, mais questionários e mais uma vez a suspeita da mãe Guerreira a ser confirmada. Agora é o Défice de Atenção...
Confesso que este me assusta ainda mais que o primeiro. Enquanto que o primeiro mexe mais com as competências sociais este mexe mais com o reter o que aprende, o que cria dificuldades acrescidas.
Lembro-me de no dia anterior à consulta ter dito à Maria, vais ver como ele tem isto e vou sair da consulta com prescrição de medicação. Meu dito, meu feito...
E após leitura de questionários e análises, diz a médica, tem um grau significativo e portanto esta intrinseco nele, temos que medicar com Rubifen.
Sem chão... Não pode ser, o meu Gladiador... Não quero.
Agora começa mais uma experiência. O meu instinto diz-me igualmente que o caminho é este. Não vale a pena ignorar atè porque o único prejudicado era ele.
Vamos para a farmácia e sim, eu sei que este medicamento é cabeludo, a internet faz-nos o favor de nos colocar à disposição todo o tipo de informação, boa e má!
Tudo foi pedido, meu BI, BI dele, um registo de informação como nunca tinha visto. Avisos, atenção que sob hipótese alguma este medicamento sai da farmácia sem receita... Que pavor!
Começamos ontem... E hoje começamos a contar a nossa experiência.
Este post è bastante longo, mas teve que ser assim para nos situarmos no tempo e começarmos agora a reescrever a história.
 
Até já Guerreiros!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013





"A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido. Não na vitória propriamente dita."

Mahatma Gandhi


Então sim, posso pensar que sou alegre de tanta luta que tenho, de tanta tentativa que faço, de tanto sofrimento que envolve tudo o que sinto...

E por vezes sou um tudo nada masoquista porque parece que gosto de sofrer. Porque se não sofro é porque nada sinto, e sentir nada é pior que sentir tudo. Agora encarnei Kafka.

Por vezes refilo da vida que tenho, mas tem dias que me dá especial gozo tanta coisa para resolver que fica tratada. Com um sentimento de dever cumprido.

Mais vale termos algo para fazer do que não ter nada a que dedicar a atenção, se bem que sabe muito bem umas tréguas.

Sim, confesso, vivo uma vida de ilusão, o conto encantado não existe, as vidas não são perfeitas. Mas nada é perfeito, pois até a vida tem o defeito da morte, o dia o defeito da noite, o bom o defeito do mal.

Assim sendo, venham as lutas, as tentativas, os sofrimentos, pois só assim serei uma guerreira alegre.

Boas lutas Guerreiras (os)!





domingo, 13 de janeiro de 2013

 
 
"Tira força da tua fraqueza."
Miguel Cervantes


Todos os dias tiro forças da minha fraqueza. Hoje foi assim. 

Por aqui não são fins-de-semana calmos. Entre jogos de futebol e trabalhos de casa tem que haver tempo para organizar comidas, roupas e outras coisas que infelizmente não aparecem feitas. As semanas passam a correr com terapias, treinos de futebol, escola e trabalho.

Como faço? Nem eu sei... Também sei o velho ditado que Deus só nos dá aquilo que aguentamos. Ele lá deve ter entendido que eu aguento e muito.

Hoje especialmente, e não sei porquê, sinto-me serena com uma sensação de tranquilidade.

Tenho pena de não fazer mais do que faço, por vezes prefiro ficar fechada em casa do que sair para a rua e parecer uma daquelas mães neuróticas toda despenteada a gritar pelos filhos porque um corre na rua, o outro grita por ele e fica um desnorteado sem saber para onde ir.

Pois é, ninguém disse que a vida era fácil, mas suspeito que ainda não descobri o segredo da descontracção e estupidez natural para enfrentar a "rua" de peito aberto. A isto eu denomino uma fraqueza...

E lá vou eu, na capa de guerreira para mais uma semana de trabalho onde toda a gente acha que eu faço tudo com uma perna às costas sem sequer imaginarem que isto não é nada fácil. Os meus guerreirozinhos simplesmente mereciam bem melhor, e para isso tenho que lutar!

Boa semana guerreiras (os)!

sábado, 12 de janeiro de 2013


"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros." Clarice Lispector


Como ser de luz, o peso da sabedoria torna-se, por vezes, um fardo. Já diz o velho ditado "é mais fácil viver na ignorância".

Ficaram palavras por dizer, palavras que pensei terem sido ditas... Ou que senti terem sido ditas! Ficam as lembranças que nunca chegaram a ser más, as saudades que todos os dias sinto do olhar, da ausência dos sentimentos.

As lágrimas que chorei foram de arrependimento, por ter achado que foi assim, por ter imaginado algo que nunca foi.

Este peso imaterial irei carregar, o peso da solidão que sinto por estar no meio de algo que não era para ter sido. 

Com tudo isto aprendi, a não acreditar naquilo que não vejo e ouvir o coração. Embora seja tarde para voltar ao que era tenho que tentar reescrever a história da minha vida. O mais dificil é terminar o livro anterior porque não tenho um final feliz nem um final triste, terei que por talvez ...

Guerreiras (os) oiçam a voz do coração, nos tempos que correm a razão não é o melhor conselheiro.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013



Sonhos

Dizem que o sonho comanda a vida. E cada dia que passa acredito mais nisso. Seja para o bem ou para o mal define o nosso caminho...
Eu sonhei uma vida, e quase tudo é igual ao que sonhei. Afinal quem não quer ter três filhos lindos, amigos verdadeiros, pais presentes, uma irmã companheira.
Tenho mais do que motivos para estar de bem com a vida. Mas num bem há sempre um mal, há sempre algo que não temos, porque a utopia só existe no Eden.
Depois o post de ontem e este, do que reclamo eu??? De ter tudo e não ter nada.
Cheguei a uma altura da vida que me apetece dar o grito da Guerreira, mas afinal, eu já existia antes de ser mãe e de ser mulher de alguém... Esta do mulher de alguém sempre me deu calafrios, mulher de alguém??? Machismo...
De facto tenho a sorte de ter três filhos que são os melhores deste mundo (são sempre não é?), de ter uma amiga que em breve se vai tornar uma afilhada tão presente como uma irmã, de ter uns pais que não faltam com nada mesmo com os seus feitios. Mas... E... Hummm.
Devemos agradecer o que temos, é uma verdade, mas também podemos querer mais, ou não?
Bom fim de semana Guerreiros (as)❤

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Os erros



Os erros mais cedo ou mais tarde têm as suas consequências. Desengane-se quem pensa que nunca mais eles serão relembrados. 
Mesmos passados vinte anos, ou dois dias, ou segundos, os erros voltam, e ai preparem-se para a batalha... Estaremos preparados para lutar com eles? Ou chegamos à conclusão que construimos toda uma vida porque ao acreditarmos em algo que era errado, tomamos um caminho que podia ter sido outro? Uma encruzilhada... Olhamos para trás e, porque fizeste isso, porque acreditaste nisso, e agora o que vais fazer? NADA... Está feito, e ficas a lamentar não ter seguido o bater do coração porque um dia te disseram que tinhas que trabalhar, e constituir família e ter um marido com ambição... Preconceitos, estatutos, o politicamente correcto.
O mundo desaba, os pilares da tua existência tremem, parece que tudo vai ruir.
Só me resta perdoar-me a mim mesma! Nada mais tenho para dar...